VALDENIR BENEDETTI E A INTERPRETAÇÃO ANALÍTICA DO SOL E DA LUA

Lua? É a mãe!

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O elemento onde se encontra a Lua mostra como resolvemos nossas necessidades mais básicas. E o signo lunar informa como elaboramos a figura da mãe.

Este artigo faz parte da adaptação do curso A interpretação analítica do Sol e da Lua, elaborado por Mihail Lermontov a partir de aulas proferidas por Valdenir Benedetti na Escola Astroscientia, do Rio de Janeiro, entre 1987 e 1989, com a seguinte estrutura:

Valdenir Benedetti, o resgate
Uma patroa muito ranzinza (Sol e Lua, visão analítica)
O Sol e os Quatro Elementos
Lua? É a mãe! (Lua nos Elementos | Aspectos Sol-Lua)
A tarefa e a sombra (Sol nas Casas | Aspectos com o Sol)

Lua nos elementos

A Lua mostra as necessidades inconscientes do indivíduo: os seus instintos, as fantasias, os seus fatores de integração.

A Lua também tem a ver com o passado, os condicionamentos, as motivações; é essencialmente a preservadora, a mantenedora da vida.

O elemento onde se encontra a Lua mostra qual a substância que o indivíduo utiliza para defender as suas necessidades mais básicas e, também, qual a substância que este indivíduo possui para estabelecer o contato de intimidade muito grande com a realidade no plano inconsciente.

Lua em Terra - a preservação do sensível

A Lua em Terra utiliza a tenacidade e a racionalização para se defender, quando ameaçada. A tendência do indivíduo é falar: "esta ameaça não tem sentido porque ela não leva a nada". A Lua em Terra vai mostrar também o que ele é capaz de fazer, para se proteger. A tendência do indivíduo é empenhar-se num esforço para concretizar algo físico, algo palpável, como forma de defesa. É uma defesa produtiva, porém a pessoa tende a empacar naquilo.

Lua em Água - a preservação do sentimento

Supõe-se que a pessoa se defenda pela lágrima - mas a coisa é um pouco mais sutil. Além do recurso psicológico da lágrima, a pessoa se infiltra na psique do outro, parte para uma atitude de fusão com o outro, participa da ameaça do outro. A forma da defesa vai, porém, depender do critério de realidade de cada indivíduo.

Lua em Fogo - a preservação da identidade

A Lua em Fogo reage pelo jogo do carrasco-vítima (especialmente a Lua em Leão). Faz o outro sentir-se culpado de alguma coisa - de o estar ameaçando, por exemplo. É algo do tipo chantagem emocional - pela culpa. Deve-se observar que nem sempre, como seria lógico supor, a pessoa reage com agressividade: esta depende da posição de Marte no mapa.

Lua em Ar - a preservação da razão

Tradicionalmente, uma pessoa com Lua em Ar se defende pelo discurso, fala mais do que o outro, a ponto de confundir o interlocutor. Sempre tem uma resposta na ponta da língua. Porém, a reação pode ser mais sutil do que a mera argumentação: é através de intrigas, fofocas. A Lua em Ar consegue tecer uma rede de intrigas fenomenal a fim de colocar os outros a seu favor, seja em que situação for. Busca alguma razão, fora de si, criando um cenário com as pessoas ao redor, a fim de angariar simpatizantes para a sua causa e de fazer com que os outros a apoiem.

A Lua e a mãe

O signo em que está a Lua também mostra como a pessoa vê, como dimensiona a mãe - a interior ou eventualmente até a exterior.

Exemplo: Lua em Áries - a mãe é ativa, enérgica, cabeçuda. Lua em Gêmeos - a mãe é faladora, intelectual, explicadora. Lua em Câncer - é uma supermãe, sufocante. Lua em Touro - é uma mãe prática, conservadora.

O modo de dimensionar o pai (Sol) e a mãe (Lua) tem importância por guardar relação com as nossas escolhas inconscientes, principalmente no plano afetivo.

Porém, é importante observar que, em geral, no horóscopo de um homem o Sol é um símbolo da consciência e a Lua, do inconsciente. No caso de uma mulher, a Lua simboliza a consciência e o Sol, o inconsciente. Naturalmente existem exceções, como no caso de mulheres com forte inclinação masculina (dirigidas para ação) ou de homens com forte inclinação feminina (dirigidos para a percepção ou adaptação).

Consequentemente, em geral é lícito inferir que o homem escolhe pelo Sol, porém se identifica pela Lua; e a mulher escolhe pela Lua mas se identificando pelo Sol, por ser a escolha um fator consciente, enquanto a identificação é um fator inconsciente.

O Estado Cósmico da Lua vai indicar, genericamente, se o indivíduo é evasivo, defensivo ou prestativo.

A Casa onde está a Lua vai indicar a área de experiência onde o indivíduo se refugia a fim de fantasiar para manifestar suas inclinações instintivas, primárias, espontâneas, infantis.

Observações:

1. Temos tendência a agir conscientemente conforme a casa e o signo onde está o Sol - isto é, agir mediante a nossa vontade. Porém, temos tendência a agir inconscientemente por intermédio da casa e do signo onde se encontra a Lua.

Toda energia excedente, decorrente da diferença entre o que o indivíduo deveria ter feito e o que ele não fez é manifestada realmente através do signo e da casa onde está a Lua.

Daí, o risco de afirmações genéricas do tipo: "no trânsito de Saturno sobre Marte o indivíduo pode quebrar a perna". Para afirmar algo assim, é necessário considerar a Lua primeiro: deve-se ver qual trânsito está atuando sobre ela e verificar se algo foi despertado no nível do inconsciente. Temos que ver se a Lua progredida forma aspectos com planetas pessoais, ou se existem trânsitos sobre a Lua radical, ou se a Lua em trânsito atinge diretamente o planeta em questão (outro não vale). Só aí poderemos constatar se esta energia, que deveria ser empregada em outro nível, tornou-se uma "energia excedente" que vai se manifestar mediante uma perna quebrada, ou levando a outra situação do gênero.

2. Quando qualquer planeta trans-saturnino aflora eventualmente no nível da consciência, a pessoa se coloca acima, além da estrutura social, em razão de estes planetas estarem além de Saturno, além da estrutura social. Isso vale particularmente para Urano, por estar logo depois de Saturno.

Logo, sempre que Urano toca alguma coisa (vale também para Sol em Aquário ou para aspectos Sol-Urano) a tendência é menosprezar o que está dentro da estrutura social, dentro de um contexto preestabelecido.

3. Lidar com a Lua no mapa é uma das coisas mais difíceis, deve-se ser muito cauteloso por dois motivos:

• porque ao abordarmos a Lua estamos abordando as defesas mais inconscientes do indivíduo. Nunca se sabe o que o indivíduo fará, ao ser colocado em guarda;
• porque através do contato com a Lua é que se tira o calço, e o indivíduo pode desmoronar.

4. Resumindo:

As posições do Sol e da Lua mostram como o indivíduo dimensiona o masculino e o feminino dentro de si e como ele vai se relacionar com o mundo em termos de masculino e feminino, isto é, como vai dimensionar a relação homem / mulher na vida.

Aspectos entre Sol e Lua

Os aspectos entre o Sol e a Lua - e mesmo que não haja aspecto de fato, vale o aspecto entre os signos em que os dois luminares se encontram - também têm primordial importância.

Quando há aspecto de fato, o processo se configura exteriormente.

Exemplo: Sol em 5° de Áries e Lua em 20° de Capricórnio - não há aspecto de fato - mas os luminares estão em quadratura por signo. As qualidades da manifestação de um e do outro são conflitantes. Nos termos dessa quadratura por signo, que é um estímulo incômodo, existe dentro do indivíduo essencialmente uma tensão entre o que é Yang (idéia do agir) e o que é Yin (idéia de sentir).

Se houver aspecto de fato - por exemplo: Sol em 6° de Áries e Lua a 6° ou 7° de Capricórnio - então a tensão se evidencia exteriormente, o indivíduo mostra isso claramente, vive essa experiência na carne - ela não e apenas implícita, é explicíta.

Quando o aspecto formado entre Sol e a Lua é:

Quadratura (relação 1 - 4) - existe uma tensão básica.

Sextil (relação 1 - 3) - existe uma comunicação entre os dois fatores, há uma comunicabilidade entre o agir e o sentir, entre o Yang e o Yin, entre o homem e a mulher no interior do indivíduo, há a possibilidade de saber dimensionar isso, acreditar que a relação homem-mulher é uma questão de diálogo.

Exemplo: Sol em Aquário, Lua em Áries - A pessoa vê o pai como alguém criativo, a mãe como alguém ativo, de grande vitalidade. Como há um sextil, há comunicação entre ambos, a pessoa vê os dois pais como amigos. Este modelo foi embutido, armazenado antes dos sete anos de idade, moldando assim o caráter do indivíduo e indicando uma boa comunicação entre o seu Yin e o seu Yang.

Trígono (relação 1 - 5) - a relação tende a fluir agradavelmente, mesmo que seja conflituosa. A pessoa tende a "ir levando", não se sente incomodada.

Oposição (relação 1 - 7) - Quem tem a oposição Sol-Lua vê a relação pai / mãe como uma coisa diametralmente oposta, antagônica, estranha. O indivíduo vive momentos de Yang absoluto ou momentos de Yin absoluto - dimensiona a relação como algo difícil de ser trabalhado. Normalmente são pessoas solitárias - transam com todo mundo, mas é difícil ficarem com alguém, ou confundem-se com a outra pessoa - não sabem quem são elas é quem é o outro - projetam-se nos outros.

Quincúncio (relação 1 - 6) - Cada uma das funções (Yang ou Yin) considera a outra como uma auxiliar. A mulher, por exemplo, é considerada mais como uma secretária do que uma companheira; o marido é mais um ajudante de ordens do que o companheiro. Um é um pouco serviçal do outro, o que leva a relação a cair no cotidiano mais tedioso. Qual dos dois prevalece é algo que depende da polaridade do Sol.

Observação: Não esquecer que estamos analisando como o indivíduo dimensiona o papel do masculino e do feminino dentro dele; consequentemente, tende a ser a forma como ele dimensionará o relacionamento.

Exemplo: no caso de homem com Sol em signo feminino, ele faria a parte do ajudante de ordem.

Conjunção (relação 1-1 ou Sol e Lua no mesmo signo) - Um dos dois prevalece, um só faz papel dos dois, o indivíduo foi criado por um só. O outro é ausente, não conta, como se tivesse morrido. O que prevalece depende da polaridade do signo em que estão o Sol ou a Lua.

Neste caso o consciente e o inconsciente estão em permanente contato. É como se houvesse um eclipse. A pessoa vê somente o pai ou somente a mãe cumprindo as mesmas funções.

No caso misto, por exemplo, Sol em Virgem e Lua em Leão - um dos dois prevalece, é preciso perguntar à pessoa quem a criou (pai ou mãe?), qual dos dois saiu de casa, etc.

Em caso de Sol e Lua estarem no mesmo signo, e pessoa não sabe a diferença entre o agir e o sentir. Não sabe se age porque está sentindo ou se está sentindo porque está agindo.

Semi-sextil (relação 1 - 2) - É uma relação de posse. Aquela qualidade representada pelo planeta que está antes (no signo anterior) tenta encarar a outra como uma propriedade sua. Neste caso, vê os pais como um sendo dono do outro. Exemplo: Sol antes da Lua - vê o pai como dono da mãe, como sua propriedade.

Trabalhar o Sol

Trabalhar a dualidade é o próprio segredo da Astrologia. Não adianta analisar algum aspecto (exemplo: Mercúrio em quadratura com Saturno) sem considerar a estrutura total do indivíduo. Todos os planetas gravitam em torno de um centro. O que podemos fazer é dirigir o indivíduo para este centro - porque é daí que surge a vontade; é daí que surge a vida. É o mesmo que dizer: VIVA, QUE AS COISAS SE RESOLVERÃO, ou seja, USE SEU SOL, o qual é a principal ferramenta para o indivíduo REALIZAR-SE, ou seja, tornar-se real. E quando a pessoa focaliza a atenção no uso, na aplicação das qualidades referentes ao signo solar, as coisas começam a gravitar adequadamente.

Quem deixar a vida fluir, permitindo que ela aconteça, necessariamente terá de aprender a:

• Mercúrio - comunicar, verbalizar, expressar;
• Vênus - escolher;
• Marte - agir, expressar;
• Júpiter - colocar-se socialmente, usar uma máscara, adequar-se a um determinado contexto;
• Saturno - estruturar-se.

Há uma glândula chamada timo, no plexo solar, responsável pelo crescimento; e viver é um constante crescer. O timo está ligado a um chacra. Quando a pessoa está deprimida, os hindus recomendam bater com o punho no timo, pois com isso a pessoa retoma a vontade de viver.

Então, fazendo aquilo que diz respeito à casa e ao signo onde o Sol está, a nossa vida melhora, as coisas começam a acontecer.

Porém, o Sol projeta uma sombra na casa oposta àquela em que se encontra. Então, devemos focalizar nossa atenção na casa oposta à que contém o Sol, pois, devido ao filtro lunar, que é o nosso mecanismo de defesa básico, podem ocorrer inibições e barreiras à expressão, a ponto de que a casa oposta possa ter prevalência sobre a ação e a vontade (o Sol) do individuo.

E assim, por permitir que esse lado tome conta de nós, sem termos acesso a ele, tornamo-nos escravos dele e acabamos, também na questão solar, reagindo muito mais em função do signo oposto ao Sol do que do próprio signo solar.

Logo, devemos realmente definir um foco no signo e casa solares e tentar estabelecer uma relação consciente com o signo e a casa opostos ao Sol, com o objetivo de sermos pessoas mais completas.

Dica de exercício de meditação: fechar os olhos e imaginar que não há ninguém à nossa volta. Atrás de nós brilha o Sol, projetando uma sombra à nossa frente. Na sombra, há uma criança, e no peito dessa criança há um diamante ou uma jóia tão brilhante quanto o Sol. Pensar em algo para que esta criança nos entregue aquela jóia e, ao recebermos a jóia, trazê-la e colocá-la no nosso peito.

Essa meditação dá-nos consciência de nós mesmos. O ideal seria fazer este exercício num "espaço horoscópico", ou seja, voltando as costas à direção geográfica onde se encontra o Sol no mapa (Sul = Meio do Céu; Leste = Ascendente; Oeste = Descendente; Norte = Fundo do Céu). Com este exercício, tentamos estabelecer um vínculo com a casa oposta ao Sol, começando, com o tempo, a perceber o quanto a casa oposta está ausente em nós.

Uso do Sol no mapa

Qualquer que seja a conclusão a que se tenha chegado na interpretação, a melhor resposta para agir é o Sol.

Fazendo as coisas onde está o Sol, tudo acontece na vida do indivíduo, sempre sem esquecer a polaridade predominante, dada pelo signo solar: se ele é mais ativo ou passivo, mais emissivo ou receptivo, Yang ou Yin.

Caso contrário, começa a haver uma disfunção na manifestação dos símbolos, e o indivíduo começa a ter dificuldade em se harmonizar com o ritmo da natureza.

A qualidade, a natureza do fazer das coisas da casa, é aquela pertinente ao signo no qual está o Sol.

O signo da casa onde está o Sol mostra o modo, a forma, a qualidade, a intensidade de seu trabalho, porém a substância (Sub-stare, estar por baixo) ou o substrato tem mais a ver com a casa oposta.

A casa oposta àquela na qual está o Sol é o subsídio, o fator intrínseco para a casa solar, a base, o recurso fundamental.

A nossa não-realização do signo ou da casa solar pode estar se projetando no outro.

Exemplo: uma pessoa com Sol em Sagitário que não tenha viajado ao exterior e / ou não tenha estudado filosofia, religião, etc., pode jogar a culpa nos outros ou elogiá-los por terem feito essas coisas.

Uma observação sobre a Era de Aquário - a qual se diz que será a era em que o homem seria o irmão do homem, em que as pessoas iriam cuidar da sociedade, consequentemente havendo um progresso maravilhoso, etc,, Porém, o grande lema da era de Peixes é "oferecer a outra face" ou "amai-vos uns aos outros" - é a era da compaixão, da elevação espiritual, do contato com a divindade. Mas, como tendemos a viver a sombra - o lado sombrio do signo - vivemos, após um começo luminoso, uma era de estupidez, mesquinhez, ambição, "picuinhas", materialismo, burocracia exagerada - uma ritualização negativa, ou seja, vivemos o lado sombrio do signo de Virgem, onde a Liturgia, em si, tem mais importância do que aquilo a que ela deveria conduzir.

Assim, na Era de Aquário é possível e até provável que predomine o lado sombrio de Leão: o egocentrismo exacerbado, a busca desesperada pelo poder, o totalitarismo, a vaidade - características que já estamos vivendo na atualidade.

A tarefa e a sombra: Sol nas casas e em aspectos

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