Recentemente o país passou por uma configuração astrológica rara: quatro planetas lentos em aspecto com o Sol da carta natal, um indicação de possível transformação profunda do Estado e de valores. Além disto, Marte e Sol progredidos passavam de Peixes para Áries encontrando o Plutão natal, abrindo possibilidades de dar um fim no capitalismo de compadres. No seminário sobre o ingresso do Sol em Áries, patrocinado pelo Sinarj em março de 2016, tratei destes assuntos e avaliei que a transformação não era garantida, sendo obstáculos a inércia secular estatal, a Lava Jato e a ruína econômica. De lá para cá esta avaliação confirmou-se.
Executivo (casa 10, regente Marte) – O governo Temer começou atabalhoado com ministros loquazes e ameaçados pela Lava Jato. Cedeu em negociações sobre reajustes de servidores públicos e dívidas dos estados, aprofundando o déficit orçamental que diz combater. A PEC do teto dos gastos tramita lentamente e é atropelada por outras iniciativas do Congresso. A crise fiscal dos estados e municípios bate em Brasília e o governo se prepara para mais uma injeção o que cria conflito com a equipe econômica, mas o governo teme um levante de funcionários públicos pelo país afora, o que daria oxigênio ao PT e aliados. Há movimentos no PSDB que evidenciam uma tentativa de fim prematuro do governo Temer como a ressurreição do processo no STE e um artigo clamando pela volta de FHC. Não há no momento aspectos maiores sobre Marte, mas o Meio do Céu está em conflito com Urano na casa 3 (quincúncio) do que pode resultar atritos com estudantes, imprensa ou funcionários públicos, é a sexta casa a contar do Meio do Céu.
Legislativo (casa 11, regente Júpiter) – Continua o mesmo de sempre, barganhando a cada votação, favorável a qualquer aumento de gastos, procurando atrapalhar a Lava Jato ( anistia ao caixa 2 e às empreiteiras, definindo abuso de autoridade nas investigações e judiciário, listando supersalários etc.). O assunto mais importante hoje na agenda? Quem presidirá a Câmara pelos dois próximos anos com aquele orçamento bilionário. Passou por um longo trânsito de Plutão e agora experimenta o de Saturno com a delação da Odebrecht na ordem do dia. A queda de braço com o Judiciário prosseguirá.
Judiciário (casa 9, regente Vênus) – É caro e ineficiente. Mais de 60 mil processos dormem no Supremo e os políticos contam com a lentidão para adiar um desfecho. Os procedimentos da Lava Jato suscitam apreensões com prisões preventivas sem prazo e o tom militante dos muitos pronunciamentos de juízes e promotores. Pelos conflitos e impasses dos políticos o Judiciário foi chamado a arbitrar regras que deveriam ser resolvidas no Congresso. Em anos recentes, Vênus foi muito estimulada por Urano (trino), Júpiter (conjunção) e agora Saturno (trino). Em 2017 Júpiter ingressa e percorre a casa 9, o hiperativismo ainda continua.
Segurança (casa 8, regente Mercúrio) – Com quase 60 mil homicídios por ano, o país se destaca nesta lúgubre estatística, as polícias militares colaboram com quase 4 mil. E no clima de bandido bom é bandido morto promovido em programas de televisão, vamos vendo a escalada de arbitrariedades como no caso da invasão de uma escola do MST. Começa a ganhar força a ideia que só os militares podem dar um jeito na bagunça nacional, como vimos recentemente numa invasão do plenário da Câmara Federal e nas votações dos Bolsonaros. Por enquanto é um grupo pequeno, mas com a confusão política instalada é preocupante. Saturno fará uma longa quadratura a Mercúrio natal.
Economia (casa 2, regente Júpiter) – Uma longa quadratura de Netuno e uma oposição de Saturno anunciaram a ruína da economia do país. Com o governo Temer, sua equipe econômica e as medidas anunciadas gerou-se um otimismo que durou pouco, a situação é ainda mais grave com a crise nos estados e municípios. Precisando de receita com urgência, o governo autorizou mais despesas, deixou os subsídios intactos (mais de 100 bilhões) e deixou a Selic na estratosfera pressionando sua maior despesa: os juros pagos pela dívida, mais de 500 bilhões em 2016. O endividamento total (estados, empresas e famílias) é altíssimo, o que adia qualquer recuperação de fôlego. O desemprego ainda deve crescer. Se Trump fizer o que disse em campanha, os juros devem subir nos EUA e seremos atingidos através do comércio, crédito externo e câmbio, o que atrapalha a recuperação. O orçamento federal também está sob Júpiter, pois ele é aprovado no Congresso e a casa 11 é a segunda da décima por derivação.
Netuno contra o Sol – Ainda no início e dura anos. Já ocorreu antes, com ênfase em 1856/7. quando terminou o gabinete de coalizão (o mais longo do Império) e uma recessão nos EUA liquidou um brote industrial no Brasil. Isto torna a eleição de 2018 um ponto de interrogação aberto a todos os salvadores da pátria.
Em resumo – As grandes transformações podem ocorrer, mas o preço será imenso, os políticos ainda lutam com todas as forças para manter o status quo. Eles fizeram uma grande farra fiscal e querem passar a conta para a população, servidores públicos e assalariados, enquanto empresários não vão mesmo pagar o pato. Para fazer isto as PMs terão grande trabalho para conter manifestações que tendem a crescer, o que supõe que o governo federal arque com esta despesa específica, mesmo criando dinheiro ou se endividando ainda mais, o que pode levar a equipe econômica a pedir o boné. Neste cenário não será fácil passar a PEC da Previdência, o que pode minar o apoio dos empresários ao governo Temer.
O Supremo demora a iniciar os processos contra os políticos, o que gera mais incerteza, e o Congresso continua a promover palhaçadas e jabuticabas. Diante disto, gente de dinheiro grosso começa a sonhar que talvez um curto estado de exceção seja desejável: preservaria políticos úteis para implementar as reformas econômicas necessárias, a começar pelo breque no exorbitante salário mínimo, na visão deles.
O Brasil realizou seu primeiro censo em 1872 que mostrava que os 10% mais ricos detinham metade da renda e do patrimônio no país. De lá para cá tivemos 6 Constituições e n políticas econômicas, e o resultado é que agora os 10% detêm só 45%. Diante disto, o que pensar da história política? É só um teatro de sombras para preservar o essencial, mudando sempre que necessário.
É preciso seguir Marte, que cruzará o Ascendente, Plutão, Saturno e Lua/Júpiter no mapa natal e Netuno e Urano no céu, tudo no primeiro semestre, o que promove muitas emoções. A Lua progredida está em Câncer e ingressa na casa 6 do mapa natal em breve, trabalho/desemprego, formal/precário, saúde/doença. Os trabalhadores brasileiros vivem um momento crucial, a senzala está logo ali na esquina.
Este artigo faz parte do Presságios 2017, o painel anual de previsões de Constelar, com apoio das escolas Astroletiva e Espaço do Céu. Clique na imagem para navegar pelas previsões, em texto e vídeo, de mais de uma dezena de diferentes astrólogos.