Plutão estava na casa V há poucos anos e o país encontrava coragem para começar a assumir as suas virtudes artísticas e os seus valores estéticos com maior autoestima e autonomia (Plutão regente do Meio do Céu). O Samba estava nascendo: é quando ocorre o lançamento do disco “Pelo Telefone”, de Donga e Mauro de Almeida, autores do que é reconhecido como sendo o primeiro samba.
Muitos questionam se foi realmente o primeiro samba e até mesmo a autoria, mas a verdade é que o episódio tornou-se mito e referência musical.
O Brasil tem Plutão radical na casa II, e frequentemente nos esquecemos que esta é uma casa muito relevante em termos musicais e artísticos. Não à toa, o país é conhecido lá fora, principalmente, pelo Samba, que tem no ritmo e na batida o seu grande abre-alas, e que seguiu duas vias opostas de modernização orientadas principalmente pela bateria: a Bossa Nova e as Escolas de Samba.
Depois de aplicar um trígono ao Ascendente do Brasil pela primeira vez, Plutão agora estabelecia preciosa sintonia com o elemento Água, podendo mais facilmente trazer à tona, via casa V, as características piscianas (artísticas, diga-se) presentes no forte subtom insinuado pela casa I do país.
No dia do lançamento havia um stellium entre Sol, Mercúrio, Vênus e Marte em Peixes. Durante aquelas 24 horas a Lua esteve em Escorpião, aplicando trígonos tanto para Plutão como para o stellium em Peixes, ativando as casas I, V e IX. Estava criado um poderoso mecanismo de formação da identidade nacional, justamente em torno da cultura do Samba. Plutão aplicava ainda trígono para Marte natal.
O registro em disco (Nodo Norte em Capricórnio) de uma manifestação cultural originada pela componente étnico mais discriminado na formação nacional (Nodo Sul em Câncer) teve ainda como trânsito astrológico uma conjunção de Urano, em Aquário, ao Ascendente do Brasil. A passagem de Urano pela casa I e de Plutão pela casa V indicavam que dali por diante o brasileiro iria enxergar a si mesmo de uma maneira diferente, assim como os outros povos passariam a reconhecer uma originalidade espantosa e uma natureza musical muito poderosa, que são associadas inevitavelmente à própria sensualidade do povo brasileiro. Não podemos nos esquecer ainda que o Brasil possui o Nodo Norte em Aquário, na casa XII, tendo uma vocação extremamente original (e sincrética) em termos artísticos.
O Rio de Janeiro, obviamente, sofreria igual impacto – talvez maior – com a gravação do primeiro samba. A cidade tem Sol, Lua, Mercúrio e Plutão em Peixes; todos em estreita sintonia com o stellium de março de 1917. O início do trânsito de Plutão por Câncer começava a assinalar um novo momento para a cidade no que tange sua importância na construção da identidade nacional. Notem que o stellium carioca cai justamente na casa I do Brasil, a cidade está muito ligada à imagem do país. Júpiter no signo de Touro, em sextil exato com a Lua do Rio (dependendo do horário utilizado), revelava que ali era gerada uma manifestação cultural de grande riqueza, capaz de proporcionar enorme prazer e felicidade à sua população. Marte, por sua vez, encontrava-se em conjunção partil com o Sol carioca, simbolizando a força da iniciativa fonográfica que materializava uma pulsão criativa de alcance inimaginável.