A ênfase em Júpiter, reiterada de
várias formas na carta natal, é a chave para entender
a capacidade de Nostradamus para investigar o futuro.
No dia 14 de dezembro de 2003 completam-se 500 anos
do nascimento de Nostradamus, o célebre mago, médico
e astrólogo francês do século XVI. Nostradamus
fez previsões muito precisas em seu tempo, curou milhares
de pessoas com uma medicina nem um pouco ortodoxa para sua época,
foi protegido da rainha Catarina de Médici, sofreu a terrível
perda de sua primeira mulher e dois filhos, mas também recebeu
de herança e de amizade profundos conhecimentos sobre ocultismo,
Cabalá e astrologia. O nome e as profecias de Nostradamus
foram injustamente ridicularizados na mídia há pouquíssimo
tempo em função da famosa quadra que fala sobre o
ano de 1999, no qual supostamente ocorreria o "fim do mundo".
Acontece que Nostradamus não deve ter errado e, se o fez,
foi por apenas 3 dias de diferença, conforme mostra o professor
Raul Martinez em soberbo artigo publicado há alguns anos
em Constelar. Além disso, levando-se em conta o que afirma
Mircea Eliade a respeito da idéia de "mundo" ou
de "axis mundi" (eixo do mundo), de "fim do mundo"
etc., a perda de um referencial tido como uma espécie de
"centro do universo" equivale ao fim de um mundo. Este
processo é muito comum em sociedades consideradas primitivas,
mas tal perda de fato ocorreu com a queda das torres gêmeas,
em Nova Iorque.
Este artigo não pretende discutir a famosa
previsão sobre 1999, que já foi tão perfeitamente
analisada e demonstrada no artigo
de Raul Martinez sobre Nostradamus. O que se quer aqui é
apenas apresentar algumas particularidades do mapa natal daquele
sábio que, entre outras façanhas, previu com detalhes
arrepiantes o dia da própria morte e as circunstâncias
que envolveriam a violação de seu túmulo tempos
depois.
L'an mil neuf cens nonante neuf
sept mois, Du ciel viendra un grand Roy d'effrayeur: Resusciter
le grand Roy d'Angolmois, Avant après Mars regner par
bon heur. |
No ano de 1999, sétimo mês, Do
céu virá um Grande Rei do Terror: Ressuscitar
o Grande Rei de Angolmois, Antes depois de Marte/março/Guerra
reinar por boa hora (ou por felicidade). |
Texto da Centúria X, Quadra
72, considerada pela maioria dos intérpretes como referente
a uma guerra que ocorreria na época do grande eclipse
de agosto de 1999. |
O mapa de Michel de Notredame ora utilizado é
o retificado pelo astrólogo Tom Howell para as 12h30, com
meia hora, portanto, de diferença em relação
ao horário registrado pelo pupilo de Nostradamus, Jean Aymes
de Chavigny, que postulava que o nascimento de seu mestre teria
ocorrido ao meio-dia (hora local). Experimentei fazer uma breve
análise sobre esse mapa, demonstrando algumas facetas que
talvez nos ajudem a compreender melhor seus dons.
|
Michel de Nostradamus - 14.12.1503, 12h30
LMT - St. Rémy de Provence - França - 43n47, 04e50.
Observar que o calendário utilizado na época era
ainda o juliano, com diferença de mais de dez dias em
relação ao atual. |
Nostradamus: um capricorniano. Mas, de acordo com
o mapa de Howell, apesar de toda a característica tendência
à realização de esforços prolongados
para a construção de habilidades, de reputação,
de possibilidades para a conquista de metas, o sábio francês
tinha algumas características pronunciadamente jupiterianas,
isto é, típicas do signo de Sagitário e seu
regente. Entre essas características podemos citar a mais
evidente, ao observarmos o posicionamento do Sol e de Mercúrio
na casa 9. Entre as não tão imediatamente evidentes
estão Saturno, dispositor do Sol capricorniano, em Câncer,
em conjunção com Júpiter. Mas, e daí?
Que importa que Júpiter ou características jupiterianas
no mapa desse capricorniano estejam em evidência? Acontece
que um dos atributos mais importantes desses aspectos costuma estar
presente no mapa de pessoas com singular capacidade de perceber
a convergência de fatores aparentemente aleatórios
para um dado tipo de evento ou circunstância. É uma
capacidade em geral profética, inspirada e, tal como no caso
do centauro arqueiro, funciona como olhar à distância
e acertar um alvo, mesmo quando tudo levava a crer que isso não
seria possível.
Essa mesma capacidade de perceber convergências
é comum em pessoas que têm especial tino para o setor
de propaganda, que de algum modo conseguem intuir as tendências
e preferências coletivas para daqui a alguns dias, meses ou
anos. Ou então são visionários, especialmente
se essas características típicas de fatores jupiterianos
se combinam com outras de viés netuniano (ou pisciano) e
uraniano (aquariano).
De fato, o mapa de Nostradamus mostra Netuno em Capricórnio,
na décima casa. Angular e, portanto, em relativa evidência.
Urano em Peixes não só está envolvido num grande
trígono com a Lua, Júpiter e Saturno, como também
realiza sextis com o Meio do Céu, com Mercúrio e com
o Sol, representando uma espécie de favorecimento da reputação
e do status a partir de questões vinculadas às formas
uranianas de expressão.
A casa 12 de Nostradamus
A morte pela hidropisia
|