Urano em Peixes deve ser pensado em sua relação
com todos os signos de Água e também com seu oposto,
Virgem. A reação às iniciativas no campo político
durante os próximos sete anos terá uma tonalidade
virginiana.
Para entendermos Urano em Peixes precisamos levar
em conta três fatores. O primeiro passo é que entender
Urano corresponde a fazer um tipo de inferência sobre a vida
social que pode colaborar para uma maior integração
entre os saberes acumulados pela Astrologia e as ciências
humanas e, com isso, para o conhecimento da sociedade sobre si própria.
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O último trânsito
de Urano em Peixes, nos anos 20, trouxe períodos conturbados
na história republicana, com a decadência da República
Velha. Quando Urano entrou em Áries, o presidente Washington
Luiz foi deposto por Vargas. |
O segundo é que Urano deixa de jogar em casa
(Aquário) para atuar como visitante em outros gramados. Peixes
abre novas possibilidades para Urano, mas o planeta sai de uma situação
de regência, confortada pelas respectivas posições
de Netuno e Plutão. O que não quer dizer que durante
uma situação de regência tudo sejam flores.
O terceiro trata do fato de que, ao passar por Peixes,
Urano amplifica à sua maneira os temas piscianos, sem deixar
de repercutir e ressoar principalmente naqueles signos de Água
e nos signos mutáveis.
A mudança de Urano de um signo para o outro
sempre representa um momento oportuno para pensarmos os caminhos
e descaminhos da vida social: este planeta é o primeiro a
ter sua órbita em correspondência com períodos
que já permitem a observação e utilização
de categorias, imagens, conceitos, iniciativas, manifestações,
comportamentos, atitudes, temas e símbolos que consideramos
como representativos de uma esfera de tempo específica. No
caso, trata-se da esfera pisciana, vindo à tona por meio
das características de Urano, colonizando a própria
vida social, no sentido de que criam uma cultura.
Urano é um planeta importante porque permite
vislumbrar as motivações políticas, científicas
e comportamentais, permite a identificação de uma
época. Em conjunto com a vastidão de Peixes, as possibilidades
atingem uma dimensão infinitesimal. Partindo de Urano é
que verdadeiramente se abre a porta para que o astrólogo
possa produzir conhecimento social. Aí, as possibilidades
de redimensionamento do próprio papel do astrólogo
na sociedade são promissoras, tanto mais contribuindo para
para o resgate do seu papel humanista mais ele demonstre poder contribuir
critica e concretamente para um mundo melhor.
O raciocínio político do senso comum
e da vanguarda tende a seguir a linha indicada por Urano, e, nesse
sentido, o comportamento inovador e contestatório várias
vezes se fará valer da força dos Peixes. O diálogo
com os outros planetas (e nesse ano de 2003, mais especificamente,
as relações com Marte, Júpiter e Saturno) é
fundamental para análises coerentes do ponto de vista da
verificação sociológica.
"Em time que está ganhando não
se mexe", mas a saída de Urano da condição
domiciliar implica uma mudança das condições
de jogo, de perda de favorecimento, enfim. Muitas das características
do arquétipo uraniano e aquariano ganham outra dimensão
existencial, espiritual e emocional ou mesmo se dissipam, ao passo
que o ethos e as práticas tradicionalmente associadas
a Peixes revestem-se de uma originalidade e rebeldia diferentes.
Contudo, Urano abraça o que é novo por natureza, e
o caráter experimental sugerido por tão singular
configuração tem por si só uma "cara uraniana".
Por fim, Urano entra em Peixes mexendo com o Zodíaco
inteiro. Virgem, mais que meramente um signo oposto, deve ser pensado
como a metade complementar que muitas vezes irá se manifestar
como a antítese e a reação às inovações
e ao confronto político propostos normalmente pelos movimentos
de Urano, que sempre criam facções. A passagem de
Urano por Virgem (1962-69) é uma importante referência,
por exemplo, quanto à temática envolvida. Estão
muito enganados aqueles que menosprezam o poder da contra-reação
aos expansionismos de Urano em Peixes, contra-reação
essa representada arquetipicamente pela metade virginiana.
Rio de Janeiro e
Salvador na linha de fogo
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