O Patriarcado criou o "quarto
escuro"
Realmente, se considerarmos que o processo de vida
que iniciamos ao nascer implica experiências terrenas e interiores
e o movimento destas experiências, expresso pelas casas, ocorre
em sentido anti-horário, enquanto os astros caminham no sentido
inverso, fica claro que não temos acesso consciente sobre
esta área de vida, já que ela se coloca, espacialmente,
atrás de nosso nascimento ou antes dele. Portanto,
esta é uma área que não podemos conhecer do
ponto de vista consciente ou racional e, em conseqüência,
encontra-se fora de nosso campo visual e de nosso controle.
Mas, ai é que se encontra o X da questão,
nem tudo precisa ser explicado, entendido e controlado a não
ser dentro de uma sociedade cujos parâmetros e valores sejam
"masculinos", ou seja, "para fora", extrovertidos
e compreensíveis, apenas, à luz da razão.
Ao contrário desta visão, esta casa
subentende o surreal, envolve experiências de fusão,
de totalidade e de imersão. Implica a incompreensão,
pelo racional, de tudo que é simbólico e ultrapassa
as fronteiras do eu pessoal. Suas características são
atribuídas ao enfoque feminino da vida, existem para serem
sentidas, e não pensadas, percebidas através das imagens
do inconsciente coletivo a que podemos ter acesso através
dos sonhos e das técnicas de imaginação ativa
usadas pelo Dr. Jung e seus continuadores, entre outras.
Quando da prevalência do Patriarcado, tudo
que não podia ser compreendido e resolvido da forma como
o mundo de então considerava bom, correto e melhor foi delegado
ao "quarto escuro" das prisões, dos hospitais,
dos manicômios e do Grande Útero da Mãe Terra,
como bem relata o mito de Urano e, posteriormente, o reinado de
Saturno, de Júpiter e, em tempos modernos, do Cristo, ou
melhor, da Igreja dos Homens. As deusas foram abandonadas ou colocadas
sob a égide dos homens, em papel coadjuvante. [Para
saber mais, ler: O retorno da Deusa. WHITMONT, Edward C. Summus
Editorial.]
As doenças e epidemias que a recém-nascida
Ciência não conseguia entender nem combater eram, através
dos indivíduos, apartadas atrás dos portões
das cidades na tentativa de proteger os sãos.
Os comportamentos que fugiam aos padrões estabelecidos
por esta sociedade como "normais" e que suscitavam medo
e terror nas mentes racionais, foram chamados de loucura e também
encarcerados junto com seus praticantes. Resta lembrar que, em tempos
matriarcais, as doenças eram tratadas com ervas e poções.
Ingredientes sagrados e intuitivos estavam presentes nas curas que
envolviam rituais religiosos, partes de uma sabedoria que foi nomeada
posteriormente, pelo medo, como bruxaria.
Entretanto, em tempos mais distantes, os seres que
apresentavam estes comportamentos extraordinários chegaram
a ser considerados Deuses ou herdeiros dos mesmos.
O Sol que nasce atrás
da ríspida árvore seca lembra os processos de
eliminação e regeneração de Escorpião.
|
|
|
A exuberância leonina
de um Sol que se levanta sobre o horizonte: é a casa
12.
|
Não se trata de diminuir o valor das buscas
científicas e nem zombar do temor dos homens, mas apenas
esclarecer que, se a intuição e o sentimento fossem
respeitados e incluídos, estaríamos em situação
de maior sabedoria, e a ciência, provavelmente, teria alcançado
resultados mais rápidos e nem tão danosos. Assim,
o Sol, como expoente da luz e da visão Apolínea da
existência, poderia estar associado à visão
Dionisíaca e teríamos um complemento ideal para uma
vida mais plena.
Portanto, a casa doze ficou sendo o exemplo do enfoque
"patriarcal" enquanto o matriarcado ficava sob o jugo
da razão. Em sentido figurado poderíamos dizer que
o Sol (racionalidade), estaria "preso" na casa doze e
que o domínio da Lua e da noite (a natureza e o feminino)
tomariam as rédeas da vida, ou seja, teriam seu lugar no
campo das onze casas restantes.
Para o pensamento do Patriarcado este era o símbolo
da ameaça, e a casa doze, desde este ponto de vista, pode
ser chamada então de "inferno do zodíaco".
Em nossos dias temos que estar atentos para que,
ao trocar-se o quotidiano solar da Era de Peixes (Leão na
seis) pelo quotidiano lunar da Era de Aquário (Câncer
na seis), não se corra o risco de cair em extremo oposto.
Unir os dois enfoques básicos da existência é
a grande finalidade do elo que une os Peixes, valor e recurso deste
novo tempo. A nona casa desta era embrionária nos lembra,
entre outras coisas, do Casal Divino, presente na busca de equilíbrio
da Balança.
Visões parciais
de Áries e do Caranguejo
|