Da Semiótica à
Neurociência
O pesquisador na área de Comunicação e Semiótica
Jason Brito Pessoa levou a Astrológica a um vôo filosófico.
Apresentando sua tese de mestrado, desenvolvida na PUC-SP e publicada
sob o título "Os Deuses do Acaso - Adivinhação
e Semiótica", Pessoa conclui que a adivinhação
existe e funciona.
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Pessoa dividiu a adivinhação
em duas categorias: a intuitiva, que se refere à esfera
do arrebatamento, do contato intuitivo com o divino, e a indutiva,
que engloba as chamadas "artes divinatórias"
baseadas na observação, na classificação
e na associação de conceitos e símbolos,
como a astrologia, o tarô, o I Ching, entre outros.
Segundo o autor, a adivinhação
indutiva não se valida por razões esotéricas,
mas "pelo que há de mais característico
na espécie humana: a capacidade de simbolizar o universo".
Três pontos importantes nascem do raciocínio
do autor: 1) Considerando a astrologia um processo de associação
de signos e símbolos, não é necessário
entendê-la do ponto de vista material. 2) Conforme a
cultura fica mais complexa, acompanham-na os símbolos
e significados astrológicos. 3) Cada astrólogo
é co-criador da astrologia, e responsável por
ela, no momento em que interpreta um mapa ou utiliza-se de
diversos recursos de linguagem para explicar um conceito.
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Jason Brito Pessoa |
"O astrólogo é como o xamã,
que é poeta, músico, escritor... se vive numa tribo
cuja língua envolve entre cinco e sete mil palavras, ele
conhece 12 mil", diz Pessoa, que insistiu no papel do astrólogo
como um decodificador que tem responsabilidade sobre o recorte de
mundo que vai passar para frente. "Ele deve ampliar a quantidade
de ferramentas de leitura, para enriquecer a interpretação
e a vida do consulente", completa.
Quem leva a marca da abordagem multidisciplinar da astrologia para
ampliar sua margem de alcance é o astrólogo Carlos
Fini, diretor do Centro de Pesquisas Astrológicas Hermes,
que envolve estudos na área de Astrologia e Ciência.
Em sua palestra, Fini conclui: "O efeito astrológico
não vem nem dos planetas nem do cérebro, mas de uma
relação, de uma ponte entre estes dois processos".
Por mais de cinco anos, o astrólogo se aprofundou
nos fenômenos astronômicos e há dois anos se
debruça sobre a Neurociência. Da união dos dois
conhecimentos nasceu a investigação sobre como os
seres humanos desenvolveram padrões de comportamento baseados
no meio ambiente cósmico de onde se originam. Fini coloca
que de um lado da ponte está a consciência humana e
do outro o Big Bang. Entre eles existem bilhões de anos de
ligação da vida com o meio ambiente cósmico.
Em 2001, Fini levou à Astrológica
um estudo sobre o Complexo R (reptiliano), parte mais antiga
do cérebro, onde se armazenam emoções primitivas
como a rigidez, a agressividade, a ausência de racionalidade,
a raiva, a posse, a territorialidade, o domínio, o medo
do meio ambiente. É responsável por regular o
ritmo da vida e a repetição. Este ano, aprofundou
conceitos sobre o Sistema Límbico, parte cerebral onde
se processa a emocionalidade, sentimentos, amor, proteção,
saudades, carinho. Falou ainda sobre a terceira grande região
do cérebro, o Córtex, parte externa, mais moderna,
onde funcionam os mecanismos mentais, cognitivos, especulativos
e racionais do homem. "O equilíbrio entre estes
três sistemas varia de pessoa para pessoa, mas como funciona
em cada um? Precisamos de um 'mapa' pra isso!", sugere
Fini. |
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Carlos Fini |
Antes de ter uma experiência com os pais, pessoas,
palavras, o indivíduo, recém-nascido, tem uma experiência
com o meio ambiente. A tese de Fini é que o cérebro
pode mapear o sistema cíclico do universo. Ele mapeia as
configurações astronômicas, que provocam os
efeitos astrológicos observados há anos pela humanidade.
Mas estes registros ficam guardados no mais profundo inconsciente.
As perguntas de Fini são: "Poderiam as teorias astrológicas
se relacionarem com os complexos evolutivos? Não seria ele,
o mapa astrológico, o próprio esquema de vozes dos
três complexos evolutivos cerebrais, uma vez que adaptar-se
ao meio ambiente é o fator fundamental para sobrevivência?"
A partir disso, o astrólogo associou o Sistema R a Plutão,
Saturno e Marte; o Sistema Límbico à Lua, Vênus
e Netuno; e o Córtex a Júpiter, Mercúrio, Sol
e Urano. No mínimo ousado!
Trânsitos, eclipses
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