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ASTROLOGIA E ESPORTE

Plutão, Gêmeos e a Copa de 2002

Fernando Fernandes

 

Um intrigante paralelismo: a Copa de 2002 pode reiterar a Copa de 1998 ao associar a eliminação de figuras geminianas com maus resultados da seleção.

Antes de falarmos da Copa de 2002, façamos um resumo de trechos de dois artigos que este mesmo astrólogo publicou em Constelar e no jornal Ganesha, do Rio de Janeiro, em agosto de 1998.

No mapa da declaração da Independência do Brasil, o Grito do Ipiranga, vemos a casa 4 ocupada pela conjunção Júpiter-Lua no sétimo grau de Gêmeos. Alguns dos significados desta casa no mapa de um país são o povo comum, as tradições enraizadas e a base ancestral da cultura popular. A figura do caipira, ainda fortemente presente no imaginário nacional (basta observar a vitalidade das festas juninas) pode ser adequadamente associada a conteúdos da casa 4. Já a dupla caipira, expressão mais comum da música de origem rural, tem conotação nitidamente geminiana: os irmãos míticos Castor e Pólux ressurgem na cultura brasileira sob a forma dos irmãos-cantores, onde cada elemento do par é ao mesmo tempo reflexo e contraponto do outro elemento. Por outro lado, Gêmeos é também o signo onde começa a casa 5 do mapa do país, a casa dos esportes, dos prazeres e dos riscos que se corre para provar-se o próprio valor. Exatamente a situação de uma seleção que disputa a Copa do Mundo.

O Brasil sempre cultuou representações de irmãos míticos, seja sob a forma dos santos Cosme e Damião, seja na roupagem iorubana dos ibejis (os orixás gêmeos), ou ainda na forma angolana dos erês (crianças). De tempos em tempos, o mito atualiza-se e ganha expressão viva na música popular ou no futebol.

Nas duplas, há lugar tanto para a uniformidade do mesmo modo de trajar, do mesmo estilo de tocar a viola, dos mesmos trejeitos em cena, quanto para o contraste entre o alto e o baixinho, o alegre e o sério, o de voz aguda e o de voz grave. Na verdade, é a uniformidade que torna o contraste ainda mais visível e caricato. Os próprios nomes adotados pelos integrantes remete à natureza dual de Gêmeos. Em duplas como Tonico e Tinoco, Milionário e Zé Rico, Jararaca e Ratinho, cada componente do par parece dizer: "eu sou eu porque não sou o outro", o que implica dizer também "eu existo porque existe o outro". A dupla, enfim, é uma unidade indivisível, como verso e anverso de uma folha de papel. A morte de um de seus membros representa o fim simbólico de ambos.

Aqui termina o resumo e, quem sabe, também a paciência do leitor. Astrólogos não batem bem da bola, ele dirá. O que tem isso a ver com o desempenho do Brasil na Copa de 2002?

Daí lembramos da dupla de atacantes que Zagalo tentou formar para a Copa de 98, na França: Romário e Ronaldinho, nomes que, juntos, evocam a mesma sonoridade das denominações das duplas caipiras.

Naquele ano, contudo, Plutão - um significador de mudanças que ocorrem dura e abruptamente, mediante perdas e mutilações - encontrava-se em oposição direta à conjunção Lua-Júpiter do mapa da Independência. O sentido era bem claro, pois tratava-se da eliminação (Plutão) de um dos irmãos (Gêmeos). Isso se materializou desde o início de junho de 1998, na destruição da dupla que reunia as melhores expectativas do povo brasileiro quanto ao desempenho da seleção nacional na Copa do Mundo. A exclusão de Romário, em virtude de problemas físicos, frustrou todos os que o queriam ver jogar ao lado de Ronaldinho. Depois, o baque maior: a derrota para a Noruega exatamente no mesmo dia em que o cantor Leandro, da dupla Leandro e Leonardo, falecia em São Paulo. Leonardo em prantos diante do esquife do irmão e o "piripaque" de Ronaldinho na final da Copa, quando jogou totalmente alheio ao que ocorria em volta, são duas expressões do mesmo padrão astrológico: a morte, real ou figurada, de um dos irmãos anulando simbolicamente o irmão remanescente.

Avancemos quatro anos. Agora Felipão nos nega Romário e, em compensação, dá a Ronaldinho não apenas um companheiro com jeito de irmão de dupla caipira, mas três de uma vez, todos com nomes semelhantes. E temos a esquisitice desse time de quatro Rs, os dois Ronaldinhos, Rivaldo e Ricardinho - sem falar em Roberto Carlos, que corre o risco de virar Robertinho. O que significa isso? Intuitivamente parece que Scolari percebeu a importância simbólica das duplas e deu-nos um prêmio de consolação dobrado, como se pedindo desculpas pela exclusão de Romário. É uma seleção que por vias tortas (o corte de Emerson por contusão) corporifica outra vez o toque de Gêmeos - e Gêmeos ainda pressionado por Plutão, o mais lento dos planetas, que continua seu trânsito pelo signo de Sagitário. Não está mais em oposição a Lua e Júpiter, mas já ativa por quadratura - outro aspecto tenso - Sol e Mercúrio do Grito do Ipiranga. Sendo Mercúrio o regente de Gêmeos, o significado óbvio é que continuamos a viver a fase das mudanças bruscas e das eliminações violentas. Mercúrio, como regente de Gêmeos, é o próprio regente de esportes no mapa do Brasil. Uma indicação pouco animadora, portanto.

Plutão pode desempenhar o papel da espada de samurai que vai interromper o sonho do penta em terras japonesas.

Por outros caminhos, as mesmas frustrações da Copa de 98 podem vir a acontecer. O mais impressionante é que, mais uma vez, elas chegam em sintonia com acontecimentos do "mundo real", que comovem o país. Em 98, foi a morte do cantor Leandro; agora, é o brutal assassinato do jornalista Tim Lopes no último dia 2, no Rio de Janeiro, bem às vésperas da estréia do selecionado brasileiro. Quem rege os jornalistas? Gêmeos e Mercúrio. Quem rege o poder paralelo e oculto que controla os morros cariocas? Plutão. Saturno, planeta que simboliza as estruturas que sustentam a autoridade constituída, está hoje em Gêmeos e recebe a oposição de Plutão - tudo isso em quadratura com Sol e Mercúrio no mapa do Brasil. Ao eliminar Tim Lopes, o crime organizado testa seu poder. Através do jornalista (Mercúrio, Gêmeos), toda a ordem social é colocada em cheque.

Um dado significativo é que a arma do crime tenha sido uma espada de samurai (arma japonesa) que penetrou profundamente em seu abdômen (área do corpo regida por Virgem). As analogias são mais do que evidentes, não? Superada a fase coreana, estamos indo para o Japão, de onde a seleção dos quatro Rs - a duplicidade, ou multiplicidade que Gêmeos significa - tem tudo para voltar com um mau resultado. Da mesma forma que a morte de Tim Lopes mostra que as estruturas da ordem constituída são muito frágeis diante da ousadia dos poderes paralelos, a provável derrota canarinho mostrará que as estruturas que sustentam o futebol brasileiro precisam ser definitivamente implodidas para dar lugar a um modelo de gestão mais ético, eficaz e transparente. Os trânsitos de Plutão trazem expurgos que permitem a renovação de estruturas deterioradas. São a gota d'água antes da reação. A morte de Tim Lopes trará mudanças significativas no enfrentamento do crime organizado. A derrota da seleção, se confirmada, varrerá com toda uma geração de dirigentes esportivos que nada acrescentaram ao país. Os novos ares começarão a dar frutos já em 2004, nas Olimpíadas. Em 2006, sob uma bela sucessão de trânsitos estimulantes, teremos um país melhor e, desde que a Copa se realize na época prevista, um carnaval fora de época deverá marcar a comemoração do penta.

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