Um intrigante paralelismo: a Copa
de 2002 pode reiterar a Copa de 1998 ao associar a eliminação
de figuras geminianas com maus resultados da seleção.
Antes de falarmos da Copa de 2002, façamos
um resumo de trechos de dois artigos que este mesmo astrólogo
publicou em Constelar e no jornal Ganesha, do Rio
de Janeiro, em agosto de 1998.
No mapa da declaração da Independência
do Brasil, o Grito do Ipiranga, vemos a casa 4 ocupada pela conjunção
Júpiter-Lua no sétimo grau de Gêmeos. Alguns
dos significados desta casa no mapa de um país são
o povo comum, as tradições enraizadas e a base ancestral
da cultura popular. A figura do caipira, ainda fortemente presente
no imaginário nacional (basta observar a vitalidade das festas
juninas) pode ser adequadamente associada a conteúdos da
casa 4. Já a dupla caipira, expressão mais comum da
música de origem rural, tem conotação nitidamente
geminiana: os irmãos míticos Castor e Pólux
ressurgem na cultura brasileira sob a forma dos irmãos-cantores,
onde cada elemento do par é ao mesmo tempo reflexo e contraponto
do outro elemento. Por outro lado, Gêmeos é também
o signo onde começa a casa 5 do mapa do país, a casa
dos esportes, dos prazeres e dos riscos que se corre para provar-se
o próprio valor. Exatamente a situação de uma
seleção que disputa a Copa do Mundo.
O Brasil sempre cultuou representações
de irmãos míticos, seja sob a forma dos santos Cosme
e Damião, seja na roupagem iorubana dos ibejis (os orixás
gêmeos), ou ainda na forma angolana dos erês (crianças).
De tempos em tempos, o mito atualiza-se e ganha expressão
viva na música popular ou no futebol.
Nas duplas, há lugar tanto para a uniformidade
do mesmo modo de trajar, do mesmo estilo de tocar a viola, dos mesmos
trejeitos em cena, quanto para o contraste entre o alto e o baixinho,
o alegre e o sério, o de voz aguda e o de voz grave. Na verdade,
é a uniformidade que torna o contraste ainda mais visível
e caricato. Os próprios nomes adotados pelos integrantes
remete à natureza dual de Gêmeos. Em duplas como Tonico
e Tinoco, Milionário e Zé Rico, Jararaca e Ratinho,
cada componente do par parece dizer: "eu sou eu porque não
sou o outro", o que implica dizer também "eu existo
porque existe o outro". A dupla, enfim, é uma unidade
indivisível, como verso e anverso de uma folha de papel.
A morte de um de seus membros representa o fim simbólico
de ambos.
Aqui termina o resumo e, quem sabe, também
a paciência do leitor. Astrólogos não batem
bem da bola, ele dirá. O que tem isso a ver com o desempenho
do Brasil na Copa de 2002?
Daí lembramos da dupla de atacantes que Zagalo
tentou formar para a Copa de 98, na França: Romário
e Ronaldinho, nomes que, juntos, evocam a mesma sonoridade das denominações
das duplas caipiras.
Naquele ano, contudo, Plutão - um significador
de mudanças que ocorrem dura e abruptamente, mediante perdas
e mutilações - encontrava-se em oposição
direta à conjunção Lua-Júpiter do mapa
da Independência. O sentido era bem claro, pois tratava-se
da eliminação (Plutão) de um dos irmãos
(Gêmeos). Isso se materializou desde o início de junho
de 1998, na destruição da dupla que reunia as melhores
expectativas do povo brasileiro quanto ao desempenho da seleção
nacional na Copa do Mundo. A exclusão de Romário,
em virtude de problemas físicos, frustrou todos os que o
queriam ver jogar ao lado de Ronaldinho. Depois, o baque maior:
a derrota para a Noruega exatamente no mesmo dia em que o cantor
Leandro, da dupla Leandro e Leonardo, falecia em São Paulo.
Leonardo em prantos diante do esquife do irmão e o "piripaque"
de Ronaldinho na final da Copa, quando jogou totalmente alheio ao
que ocorria em volta, são duas expressões do mesmo
padrão astrológico: a morte, real ou figurada, de
um dos irmãos anulando simbolicamente o irmão remanescente.
Avancemos quatro anos. Agora Felipão nos nega
Romário e, em compensação, dá a Ronaldinho
não apenas um companheiro com jeito de irmão de dupla
caipira, mas três de uma vez, todos com nomes semelhantes.
E temos a esquisitice desse time de quatro Rs, os dois Ronaldinhos,
Rivaldo e Ricardinho - sem falar em Roberto Carlos, que corre o
risco de virar Robertinho. O que significa isso? Intuitivamente
parece que Scolari percebeu a importância simbólica
das duplas e deu-nos um prêmio de consolação
dobrado, como se pedindo desculpas pela exclusão de Romário.
É uma seleção que por vias tortas (o corte
de Emerson por contusão) corporifica outra vez o toque de
Gêmeos - e Gêmeos ainda pressionado por Plutão,
o mais lento dos planetas, que continua seu trânsito pelo
signo de Sagitário. Não está mais em oposição
a Lua e Júpiter, mas já ativa por quadratura - outro
aspecto tenso - Sol e Mercúrio do Grito do Ipiranga. Sendo
Mercúrio o regente de Gêmeos, o significado óbvio
é que continuamos a viver a fase das mudanças bruscas
e das eliminações violentas. Mercúrio, como
regente de Gêmeos, é o próprio regente de esportes
no mapa do Brasil. Uma indicação pouco animadora,
portanto.
Plutão pode desempenhar
o papel da espada de samurai que vai interromper o sonho do
penta em terras japonesas. |
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Por outros caminhos, as mesmas frustrações
da Copa de 98 podem vir a acontecer. O mais impressionante é
que, mais uma vez, elas chegam em sintonia com acontecimentos do
"mundo real", que comovem o país. Em 98, foi a
morte do cantor Leandro; agora, é o brutal assassinato do
jornalista Tim Lopes no último dia 2, no Rio de Janeiro,
bem às vésperas da estréia do selecionado brasileiro.
Quem rege os jornalistas? Gêmeos e Mercúrio. Quem rege
o poder paralelo e oculto que controla os morros cariocas? Plutão.
Saturno, planeta que simboliza as estruturas que sustentam a autoridade
constituída, está hoje em Gêmeos e recebe a
oposição de Plutão - tudo isso em quadratura
com Sol e Mercúrio no mapa do Brasil. Ao eliminar Tim Lopes,
o crime organizado testa seu poder. Através do jornalista
(Mercúrio, Gêmeos), toda a ordem social é colocada
em cheque.
Um dado significativo é que a arma do crime
tenha sido uma espada de samurai (arma japonesa) que penetrou profundamente
em seu abdômen (área do corpo regida por Virgem). As
analogias são mais do que evidentes, não? Superada
a fase coreana, estamos indo para o Japão, de onde a seleção
dos quatro Rs - a duplicidade, ou multiplicidade que Gêmeos
significa - tem tudo para voltar com um mau resultado. Da mesma
forma que a morte de Tim Lopes mostra que as estruturas da ordem
constituída são muito frágeis diante da ousadia
dos poderes paralelos, a provável derrota canarinho mostrará
que as estruturas que sustentam o futebol brasileiro precisam ser
definitivamente implodidas para dar lugar a um modelo de gestão
mais ético, eficaz e transparente. Os trânsitos de
Plutão trazem expurgos que permitem a renovação
de estruturas deterioradas. São a gota d'água antes
da reação. A morte de Tim Lopes trará mudanças
significativas no enfrentamento do crime organizado. A derrota da
seleção, se confirmada, varrerá com toda uma
geração de dirigentes esportivos que nada acrescentaram
ao país. Os novos ares começarão a dar frutos
já em 2004, nas Olimpíadas. Em 2006, sob uma bela
sucessão de trânsitos estimulantes, teremos um país
melhor e, desde que a Copa se realize na época prevista,
um carnaval fora de época deverá marcar a comemoração
do penta.
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Fernandes.
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