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MEMÓRIA DA ASTROLOGIA BRASILEIRA
Danton de Souza,
um astrólogo pioneiro

Angela Schnoor
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Interpretando o mapa de Danton de Souza

As possibilidades contidas no mapa de nascimento deste jovem indicam um potencial de curiosidade intelectual e arrojo aventureiro, presentes nas qualidades geminianas de sua consciência de mundo, representadas pelo Sol em conjunção a Marte na décima casa e reforçadas pela imagem paterna constelada por Júpiter em Áries, que, como regente da quinta casa, aparece como um incentivador do filho, em sua independência e rebeldia transformadoras.

Júpiter tem sextis quase exatos a Plutão e Saturno, ambos em signos e casas de Ar e de relacionamento social. Portanto, esta imagem positiva paterna vai ser reproduzida em seu encontro com a figura de autoridade benevolente e amiga do diretor da escola.

A posição da Terra, no mapa de Danton, em Sagitário na Quarta casa, confirma sua necessidade de concretizar essas asas, deixando a casa e buscando seus projetos e ideais em vôos distantes.

Foi um pioneiro entre os de sua família, pois, embora concretizasse sua busca de segurança e estabilidade (vejam o simbolismo taurino de Vênus e Mercúrio, dispositores do Sol e da Lua, no Meio do Céu), seguindo a carreira paterna, não se limitou ao pequeno mundo onde nasceu, uma característica bastante própria do Leão que marca seu nascimento e primeira infância.

A vida social, experimentada através do trabalho, envolvimento e intimidade com os amigos, aos quais apoiava, estão bem indicados por Saturno na sétima casa (que expressa o Capricórnio da casa seis) em trígono com Plutão na décima-primeira, que também possui a qualidade canceriana, enfatizada por Netuno em aspecto com a Lua libriana.

Em minha experiência profissional, costumo encontrar dois tipos de ocorrência quando a sétima casa contém duas qualidades. Os relacionamentos de parceria podem ser de dois tipos, na seqüência de uma mesma relação. No mapa em questão, poderia iniciar com uma parceria aquariana, livre, amiga e plena de trocas mentais mas que, com o tempo, se transforma em um relacionamento pisciano, pleno de sentimento de compaixão ou de tanta igualdade que a atração dos opostos sucumbe. Ou pode, também, acontecer que os indivíduos experimentem dois relacionamentos diversos.

Danton Pereira de Souza - 26.5.1904, 10h58 LMT, Espera Feliz, MG. 20s39, 41w54.

No caso de Danton, a vida nos conta a presença das duas manifestações. Se contarmos com a realidade de sua época, onde os casamentos eram vistos apenas sob a ótica legal, mascaradas pelo "amor convencional" (pois a face mercantil das uniões só surge no momento da separação), ele concretizou dois relacionamentos bem distintos.

O primeiro, em bases legais e do qual teve três filhos (Aquário e Saturno na sétima casa, tendo Urano em Sagitário na quinta), e o segundo casamento, com a qualidade dos Peixes, estando Netuno, seu representante, em Câncer na casa onze (uma relação mais sentimental, na qual envolvia os filhos de seu primeiro casamento).

Desta segunda união nasceu um único filho, cujo Sol em Virgem encontra-se em conjunção ao Nodo Norte do pai, na segunda casa, e que sempre ouviu o pai dizer à sua mãe: "seu nascimento trouxe sorte para nós". Júpiter, tradicionalmente relacionado à sorte, no mapa de Danton recebe um trígono exato do Júpiter de seu filho a 20° de Sagitário.

Entretanto, a maior ênfase que eu gostaria de dar a esta breve (e, certamente, incompleta) interpretação encontra-se no Nodo Norte de Danton, no 25° do signo de Virgem, na segunda casa, em trígono com o Meio do Céu e com Saturno.

Costumo entender o Nodo Norte como o ponteiro da bússola que indica o caminho de nossa maior possibilidade de crescimento pessoal. Neste caso, a busca de aperfeiçoamento do jovem Danton, a humildade em aceitar o trabalho de faxina e persistir em seu objetivo de estudar, ganhando o próprio sustento, foi a escolha que norteou sua vida e que o manteve durante todo o tempo em que esteve trabalhando e servindo à coletividade, dedicado às leis e ao direito.

O interesse pelos estudos astrológicos, que começou dez anos após a viagem em busca dos conhecimentos básicos, sempre o levou a trabalhar nesta área como uma atividade prazenteira e que permitia seu isolamento (Sagitário na cúspide da quinta casa, onde se situa Urano). Danton era avesso a consultas individuais, mas gostava da troca de informações com outros estudiosos de Astrologia. Em 1958, próximo aos cinqüenta e quatro anos, viajou à Europa com a segunda família e apresentou trabalhos em Paris, em contato com nomes da astrologia como André Barbault e Alexandre Volguine, entre outros.

Foi membro da Associação Brasileira de Astrologia, além de participar de Eventos organizados pela SARJ. Veio a falecer aos oitenta e oito anos em conseqüência de pancreatite.

Curiosamente, o pâncreas está associado, na opinião de alguns estudiosos de Astrologia Médica, ao signo de Câncer em seu 15° (cúspide da décima-segunda casa, a da dissolução). E, se considerarmos a técnica do "ponto de idade" desenvolvida pelo casal Huber, Danton estaria vivenciando o 14° grau do signo de Escorpião, em sua terceira casa, quando deixou sua morada terrena, sendo este o mesmo ponto que marcou, em sua juventude, os dezesseis anos, quando viajou para a cidade desconhecida, deixando a casa natal.

Com certeza, esta derradeira viagem deve ter sido, não mais uma Espera Feliz, mas um Encontro Feliz!

O advogado e astrólogo Danton de Souza com a bisneta, em 1983, um ano depois de lançar seu livro Predições Astrológicas.

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