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DISCUTINDO
O PAPEL DA ASTROLOGIA
Astrologia
& Psicologia
Marcus Vannuzini
A Astrologia é um espécie de Psicologia ou um processo oracular? É possível uma Astrologia totalmente pura? E qual a fronteira entre Astrologia e Psicologia? Sou meio reticente em designar, numa simplificação, a Astrologia como linguagem. Por quê? Porque uma linguagem, entendida como um mero sistema de sinais articuláveis para comunicar alguma coisa, é um conceito vago quando se pensa a Astrologia. Acho que a Astrologia é, também, uma linguagem com sua gramática própria, mas é mais que isso. Penso que uma "visão do homem" está implícita na idéia de Astrologia, que estuda as relações do micro e do macrocosmo. Idealmente, nós precisamos de um Norte - uma proposta filosófica de trabalho (valor...) e um método através do qual seja possível remover do caminho os preconceitos e juízos, as réguas, "as balanças de pesar almas". Parece estranho pensar a Astrologia só como uma
técnica fria, do tipo: "Vênus está em Sagitário
na Casa XI em trígono com Saturno e por isso bla, bla, bla..."
Seria puramente mecanicista; se não estamos conscientes de que
o homem reflete o macrocosmo, que existe essa relação
com algo maior que nós mesmos, eu nem saberia como definir a
Astrologia. Não sei até que ponto as convicções de quem usa a Astrologia podem "adaptá-la" aos seus proprios padrões... A Astrologia é! "É" no sentido mesmo de ser o que é, independentemente do que eu ou você possamos pensar que ela possa ser (como Deus, talvez?...). Considero a Astrologia uma realidade por si só; consiste do estudo das relações que podemos observar entre os fenômenos celestes e os fenômenos terrestres - e que são constatáveis. A Astrologia revela a correspondência entre dois planos, o macro e o microcosmo, o ser humano integrado ao cosmo e aos ciclos em constante mutação. Não dá, para moldá-la, para transformá-la em outra coisa que ela não é. Ao homem cabe estudar essas relações e compreendê-las - até onde possível. É claro que é mais fácil observar e constatar que existem essas correspondências (em outras palavras, que a Astrologia funciona) do que saber como funciona.
Este ponto é importantíssimo e extremamente delicado. Pois, a princípio, e para qualquer prática, existe a subjetividade. Afinal, você é, ao praticar algo, o sujeito que atua e observa e conclui segundo seus conteúdos internos (subjetivos). Porém, além do observador há também o objeto de sua observação e todo o conhecimento ao alcance desse observador (adquirido por ele mesmo, anteriormente, e por outros estudiosos). Assim, deve haver parâmetros comuns aos praticantes de Astrologia. Aliás - eis aí uma coisa que dificulta a estruturação da Astrologia, pois muitos entendem diferentemente os fatores astrológicos. Por exemplo: o simbolismo do signo X, do planeta Y e da Casa Z deve ser aquele que corresponde, na essência, ao que todos os praticantes constatam na prática astrológica. Aí não pode haver subjetividade. O simbolismo de Júpiter não pode ser o de Saturno, nem o de Marte igual ao de Urano. Isso é técnica astrológica, é raciocínio lógico. Já, na interpretação sintética de todos os fatores que constituem o todo de um determinado mapa, a subjetividade tem uma certa "licença poética", pois transcende a técnica. Então, o astrólogo, baseado em sua ideal
proposta de trabalho, filosoficamente orientada, buscando isentar-se de
preconceitos, julgamentos do tipo certo-errado e de outros tipos
também: "esse mapa é ruim", "essa cliente
é lésbica", "esse cara é ladrão",
"essa mulher me irrita, parece minha sogra", e assim por diante,
tenta portanto compreender o indivíduo que o mapa representa, e
tudo o que o cliente percebe daquilo tudo, para, somente então,
numa linguagem que ambos compreendam, poder lidar com as eventuais dificuldades,
conflitos, dilemas, potenciais e tudo mais que o mapa seja capaz de revelar
(e que o astrólogo seja capaz de ler). A delicada fronteira do astrológico e do psicológico
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