Constelar - Última edição Astroletiva

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DIVULGAÇÃO DE ENTIDADES ASTROLÓGICAS


 


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SINDASTRO-MG - INFORMATIVO

Astrologia, Ponte entre o Céu e a Terra

Ana Ferreira

Astrologia é um tema hoje envolto em muitos significados e preconceitos, e por isso mesmo pouco entendido. Para alguns, uma forma de prever o futuro; para outros, um modismo passageiro, usado como desculpa para não se assumir a responsabilidade em relação à própria vida.

O termo Astrologia deriva de duas palavras gregas: "Astra" e "logos" e significa literalmente "conhecimento das estrelas". Não se pode precisar seu início, pois surgiu no momento em que os seres humanos, olhando o céu, procuravam entender seus mistérios, defendendo-se de fenômenos até então não dominados como o trovão, as enchentes e as chuvas. Os primeiros observadores do céu não tinham idéia da verdadeira natureza das estrelas. Para eles, os pontos cintilantes, disseminadas ao acaso, que surgiam no céu após o entardecer, eram chamas celestes, acendendo-se com o fim de atenuar as trevas noturnas e orientá-los em seus afazeres cotidianos. Como nômades e caçadores, precisavam estudar os ciclos da natureza e seus inter-relacionamentos, para entender a migração dos animais. Com o desenvolvimento da agricultura, o ser humano perdeu sua característica de nômade, precisava se fixar num local e aprender a voltar para casa depois da caça. Precisava, então, de um ponto de referência. Notando que o aspecto do céu era sempre o mesmo para uma dada estação do ano, sentiu a necessidade de relacioná-lo com acontecimentos do dia-a-dia. Usou as estrelas, reunindo-as em grupos, o que deu origem às constelações. Como era caçador, viu no céu caças e caçadores: Órion, Leão; como era agricultor viu: Aquário (chuvas), Virgem (colheita); como era pastor viu Boiadeiro, Capricórnio, Carneiro. No século XV, com as grandes navegações e as viagens para o hemisfério sul da Terra, novos grupos desconhecidos de estrelas foram vistos. Como navegador, viu no céu: Sextante, Cruz, Ave do Paraíso, Bússola, Relógio, dentre outras. Hoje, infelizmente, não olhamos mais para o céu, buscando uma referência. Hoje olhamos para a televisão, para a moda, para o que é "fashion". Mas, se olhássemos, o que veríamos?

No Egito antigo, as enchentes do Nilo eram previstas, observando-se os movimentos da Estrela Sírius, da constelação Cão Maior, que eles chamavam de Sotis. Na Babilônia e no Egito, a Astrologia foi usada como um instrumento de previsão acessível só à realeza e aos ricos. Na Bíblia, encontramos exemplos de que o homem procurava no céu os sinais e explicações dos acontecimentos: "Onde está o rei dos Judeus, que acaba de nascer? Porque nós vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorar"( Mt 2,2).

Na medicina, desde a Idade Média, era essencial conhecer os movimentos dos astros para a marcação de cirurgias ou sangrias, procedimento muito comum para prevenção e tratamento de doenças. "...o sangrador tinha simultaneamente de ser um pouco astrólogo, uma vez que as sangrias só produziam efeitos quando os astros (especialmente a lua) se encontravam em determinadas posições ". Na Renascença, a Astrologia permeou todos os aspectos do pensamento científico. Não se tratava de uma doutrina de um círculo fechado, mas de um aspecto essencial da estrutura intelectual em que os homens eram educados.

A primeira Universidade que o mundo conheceu, criada em Bolonha, no ano de 1126, continha em seu currículo (do latim curriculum - órbita) dois grupos de matérias: o Trivirum, que continha as matérias ligadas às letras: dialética/lógica, retórica e gramática; e o Quatrivirum, ligado ao número: geometria, aritmética ou razão, música e astrologia. Essas matérias eram básicas para qualquer curso (do latim cursum - vôo). Em 1666, foi retirada da Universidade pelo Ministro Colbert, em função da descoberta de ser o mundo heliocêntrico. Já que a Terra não é o centro do universo, supôs-se que a Astrologia perderia seu ponto de referência. No entanto, a Astrologia tem uma visão egocêntrica do céu, isto quer dizer, que quando olhamos para o céu temos a impressão de que este é um enorme hemisfério estando, nós, observadores, no centro da esfera.
Até então, todos os estudiosos das estrelas eram considerados astrólogos, mas devido às discordâncias internas da Igreja, passou-se a denominar astrólogo àquele que não estava de acordo com os dogmas da Igreja e astrônomo (ciência que trata da constituição e movimentos dos astros) ao que defendia os dogmas cristãos.

No século XVII, René Descartes, com seu postulado "Cogito Ergo Sun", penso logo existo, iguala a identidade do ser humano apenas à sua mente. Provoca uma hierarquia, em que a mente separada do corpo deve controlá-lo. O que fundamenta a validade de um conhecimento passa a ser somente a atividade racional do homem. Descartes elabora o método científico, cujos princípios básicos são o da neutralidade do observador; do determinismo causal, da redução do todo em suas menores partes e do materialismo, conceito segundo o qual tudo o que conhecemos é feito de matéria, incluindo a mente a e consciência.

Desde então, a Astrologia foi relegada de sua posição de ciência e tida como superstição, misticismo. Durante quase trezentos anos, o que determinou o "status" de ciência a qualquer matéria foi atender a esses princípios e tudo o que não é comprovado, testado e repetido não merece atenção ou importância científica. Separou-se o mundo em partes, em disciplinas, para se aprofundar o conhecimento, para se controlar a natureza e os acontecimentos. Separou-se o mundo interior do mundo exterior. Este passou a ser constituído de imensa quantidade de objetos e fatos que devem ser isolados para ser compreendidos. A sociedade foi fragmentada, criando-se diferentes nações e raças. Com isso perdeu-se a noção do todo, do UNI (um só) Verso (princípio).

Com a física moderna, esses paradigmas começam a ser revistos. A mecânica quântica trabalha com conceitos de probabilidade e incerteza, complementaridade onda-partícula, não-localidade e entrelaçamento do sujeito com o objeto. Na visão quântica, o argumento fundamental é que escolhemos o resultado específico que se manifesta. O postulado: Penso, logo existo é reformulado para: Escolho, logo existo.

A suposição básica de que tudo é feito de matéria é substituída pelo novo paradigma, segundo o qual a consciência é o substrato de tudo o que existe: não há objeto no espaço-tempo sem um sujeito consciente observando-o. Einstein prenuncia o princípio energético único, segundo o qual toda a energia constituinte do cosmo é a mesma, apenas multifacetada numa miríade de formas e funções. Donde se conclui que todo o sistema solar, assim como todo o universo conhecido, faz parte de um só e mesmo sistema energético. Diante de tais princípios, o que estava separado, colocado numa relação de causa e efeito, passa a ser visto como uma síntese, numa relação de sincronicidade. Já que tudo faz parte de um só sistema: o que é no céu é na terra, o que acontece dentro, acontece fora. Concebendo o Universo como uma teia de padrões de energia em que tudo está inter-relacionado, o observador e o observado se tornam influenciados mutuamente. A idéia de que tempo e espaço nos influenciam, e de que podemos alterar os efeitos dos astros sobre nós mudando nosso ponto de referência no tempo e no espaço, não é mais tão inconcebível. Universo cósmico e universo humano, destino celeste e destino interior, não podem mais ser concebidos senão como a expressão da mesma realidade. Quanto mais penetramos no mundo submicroscópico, mais compreendemos o mundo como um sistema de componentes inseparáveis, em permanente interação e movimento, sendo o ser humano parte integrante desse sistema.

Dentro desse contexto, a Astrologia, como forma de ver o mundo em sua totalidade, cria símbolos que procuram restabelecer a relação adequada entre o microcosmo e o macrocosmo. Estuda as correspondências entre os padrões celestes e as situações na terra e no interior da psique humana, partindo da concepção de que o ser humano é síntese essencial das estruturas e dos processos universais, uma entidade integrada ao cosmo e em permanente situação de ressonância bilateral com ele. Suas premissas básicas são: o cosmo é ordenado; o céu, a terra e a humanidade compartilham da mesma ordem (macrocosmo e microcosmo são paralelos um ao outro, mantém entre si relação de sincronicidade); o cosmo está cheio de significado e propósito e a consciência é parte integrante da sua realidade última.

Como linguagem simbólica, a Astrologia une, reproduz a totalidade do universo, do ser, juntando todos os aspectos da vida: filosofia, ciência, religião e arte. Reafirma a força e a capacidade iniciais perdidas pelo ser humano quando foi separado em disciplinas, quando a unidade do ser humano e da natureza foi quebrada. Na unificação do céu e da terra, do micro e do macrocosmo, do ser humano com a natureza, readquirimos nossa força, nosso poder criativo, nosso poder de determinar não só nosso destino, mas o destino da Terra e do Cosmo. A Astrologia é um poderoso instrumento de sintonização com o Cosmo e com nosso Ser, possibilitando a tomada de consciência ("scire"- conhecer e "cum"- com) de nosso papel no processo de evolução.

Do caos ("kaos", do grego confusão) se fez a ordem ("kosmos", do grego). Podemos usar a Astrologia para transformar nosso caos interno (quem sou, o que sinto) num grande kosmos e evoluir espiritualmente.

Esse texto faz parte do livro Astrologia, Ponte entre o Céu e a Terra de Ana Ferreira, astróloga profissional e sócia fundadora do SINDASTRO-MG.
Contato: ponteceueterra@prover.com.br

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