Paulo César Farias, mais conhecido como PC Farias, nasceu, segundo informação do astrólogo Raul V. Martinez, em Passo do Camaragipe, Alagoas, no dia 20 de setembro de 1945, às 5 horas da manhã. Raul acredita que o nascimento tenha ocorrido, na verdade, cinco minutos antes, às 4h55, o que deixaria o Ascendente de PC em 20º46′ de Virgem. Outra versão dá o nascimento de PC como tendo ocorrido à 1h20 da madrugada, com Ascendente em 22º44′ de Câncer, em conjunção com Saturno. De qualquer forma, PC tinha a Lua em Peixes, o que reitera a mesma ênfase do eixo Peixes-Virgem que já encontramos no mapa do Chalaça, braço direito do Imperador Pedro I. Ambos têm também fatores importantes do mapa em Câncer – em PC, Marte, Saturno e talvez o Ascendente, dependendo do horário; no Chalaça, a forte Lua em domicílio.
Ambos tornaram-se indispensáveis a seus respectivos “chefes” (que, por acaso, eram os próprios chefes de Estado) atuando como prestadores de serviços nos bastidores e fazendo o chamado “trabalho sujo”. PC administrou o caixa 2 da campanha de Collor, enquanto Chalaça prestou “serviços reservados”, que incluíam atos de espionagem e chantagens. Ambos tornaram-se milionários em poucos anos à custa de toda sorte de atos ilícitos e tentaram gozar no exterior os frutos da imensa fortuna. Neste sentido, o Chalaça teve mais sorte, vivendo como um nababo na Europa até os 59 anos. Ambos tiveram em comum as fugas rocambolescas: Chalaça escapou do fuzilamento pelo exército francês, enquanto PC driblou as polícias brasileira e internacional mudando de aparência e deslocando-se com incrível sagacidade. Todos devem lembrar de sua surpreendente prisão na Tailândia.
Neste sentido, os dois utilizaram os mesmos recursos da capacidade técnica virginiana, revelando o tipo habilidoso, capaz de levar ao fim com competência projetos em que outros falhariam – inclusive o crime e a fuga. Utilizaram também os mesmos recursos de Peixes e Netuno: a natureza escorregadia, a capacidade de manter-se em “águas turvas” nos momentos de perigo, o surpreendente jogo de cintura e poder de recuperação, os esquemas mirabolantes para ganhar dinheiro. O uso que Chalaça fez da Marquesa de Santos para extrair dinheiro do Império lembra, em essência, uma Operação Uruguai do século XIX…
Chalaça entrou para o Seminário de Santarém aos oito anos, aprendeu latim e falava várias línguas, especialmente o francês. PC Farias foi escolhido pelos pais para seguir a carreira de sacerdote. Aos nove anos ingressou no Seminário Metropolitano de Maceió, mas aos 14 desistiu de ser padre, deixou o seminário, foi para um colégio convencional e começou a trabalhar, dando aulas de… latim e francês!
Chalaça esteve sucessivamente a serviço de D. João VI e de D. Pedro I; PC Farias começou como coordenador financeiro da campanha do ex-senador alagoano João Lyra, mas trocou-o em 1986 por Collor, em quem via mais futuro.
Chalaça envolveu-se em escândalos sem conta, sempre levando vantagens em negócios escusos. Quanto a PC, eis o que diz O Estado de S. Paulo de 30 de setembro de 1992:
No governo de Alagoas, PC aparece também como personagem de destaque no maior escândalo da administração local do presidente : o acordo que levou o Estado a pagar uma dívida de US$ 122 milhões aos usineiros. (…) Os usineiros recorreram à Justiça para reaver o ICM pago sobre a cana própria durante os doze anos passados. Venceram. Todos os outros governadores envolvidos com o problema recorreram e o assunto é objeto de discussões na Justiça ainda hoje. Collor, porém, (…) mandou PC Farias procurar os usineiros para uma conversa. (…) Para surpresa de todos, PC disse que ia pagar os US$ 112 milhões. (…) Foi nesse acordo (…) que PC angariou os recursos necessários para alavancar a candidatura de Collor à Presidência. Pela intermediação, PC teria recebido US$ 12 milhões, sem falar de uma comissão mensal (…)
Tanto Chalaça quanto PC tornaram-se alvo dos inimigos pela exibição ostentatória da riqueza. Chalaça era cínico, excêntrico, amoral e vivia como um milionário. Sobre PC, prossegue O Estado de S. Paulo:
O pecado mortal de PC foi a perda da discrição. De saída ele comprou uma casa vizinha à Casa da Dinda. Nas rodas sociais de Brasília e Maceió sempre fez questão de mostrar intimidade com o presidente. (…) Contou como dançara um tango no Morcego Negro, a dez mil metros de altura.
[Notas: A Casa da Dinda era a residência de Fernando Collor em Brasília. O Morcego Negro era o jatinho utilizado pelo grupo do presidente Collor. Acabou virando uma espécie de símbolo da corrupção do período.]
Tudo isso não significa, necessariamente, que estejamos defendendo a tese da repetição literal da História, ou de que PC Farias fosse a reencarnação do Chalaça. É uma hipótese interessante, mas discuti-la é ir além da Astrologia e entrar em outro terreno. Mas todo o conjunto de reiterações é bastante intrigante, especialmente considerando mais dois fatos:
- Há também uma série impressionante de paralelismos entre D. Pedro I e Fernando Collor de Mello, fato que por si só valeria outro artigo;
- A Independência do Brasil, proclamada por D. Pedro, dá-se sob uma conjunção Urano-Netuno em Capricórnio. A conjunção seguinte, novamente em Capricórnio, começa a formar-se quando explodem as primeiras acusações de corrupção contra o governo Collor.
Do ponto de vista astrológico, o período do governo Collor reproduz algumas condições típicas do período da Independência. É como se velhos temas voltassem à tona, especialmente o da corrupção administrativa e o da promiscuidade entre os negócios de Estado e os interesses particulares. No mapa da Independência, isso aparece na conjunção Urano-Netuno em Capricórnio e em quadratura com Plutão. O retorno do aspecto trouxe à tona uma situação análoga.
Leia a série completa sobre as personalidades que levaram o Brasil da Colônia à Independência:
- Do Quinto dos Infernos ao Novo Mundo
- Carlota Joaquina, quase rainha da… Argentina
- D. João VI, apenas um comedor de coxinhas?
- Marquesa de Santos, a Titila do Imperador
- O dia em que a família real fugiu para o Brasil
- Chalaça, a sombra danada do Imperador
- Afinal, quem era o Chalaça?
- Chalaça, o homem do Chupa-Chupa
- Chalaça e PC Farias, estranhas semelhanças
- Dom Pedro I e Fernando Collor: a história se repetiu?